O Juramento - Capítulo Três

Acabei dormindo com um único pensamento: É amanhã. "


Acabei acordando com as luzes que vinham da janela. Levantei e tomei banho. Coloquei roupa de montaria e optei por deixar o cabelo solto. Chamei o motorista.
- Você pode me levar ao criador de cavalos mais próximo ? - Perguntei ao motorista, quando entrei no carro.
- Criador de cavalos ? 
- Sim. Algum problema ?
- A senhorita não prefere os cavalos do castelo ?
- Do castelo ? Eu tenho acesso ?
- A senhorita é a princesa. Tem todo acesso aos cavalos.
- Ótimo. Então me leve até lá, por favor.
Quando chegamos ao castelo, o motorista desceu e foi falar com um guarda. Que logo em seguida se aproximou de mim.
Ele fez uma reverência e perguntou:
- A senhorita quer um cavalo ? - Ele falava minha língua, mas tinha um forte sotaque. Parece que prepararam todos para minha chegada. 
- Sim. - Respondi.
- O príncipe deixou ?
Não.
- Sim.

- Tudo bem. Trarei um para a senhorita.
Em alguns minutos o guarda voltou com um cavalo branco. A crina era linda. O cavalo era grande e forte. Bem domado.
- Aqui está senhorita. - E me entregou o cavalo.
Eu montei e avisei ao motorista:
- Se meu tio perguntar, diz que eu sai e não tenho hora para voltar. Para não se preocupar.
- Precisa que guardas a acompanhem, senhorita ? - Perguntou o guarda.
- Não. Ficarei bem.
- Tudo bem.
 Segui para a floresta. Me avisaram que tinham caçadores e animais selvagens. Mas não me importei. Era densa e fechada, mas ótima para cavalgar. Era difícil os raios de sol passarem pelas árvores enormes, tornando a floresta escura. Estava tudo silencioso. Se conseguia ouvir os pássaros e esquilos. Em alguns troncos de árvores, tinham flechas infincadas. Arbustos com amoras se espalhavam. Algumas venenosas.
 Estava no meio da floresta cavalgando. Quando ouvi os pássaros fugirem para o outro lado. Os esquilos se esconderam nas árvores. Algum caçador. Quando olhei mais a minha frente vi alguém montado em um cavalo. Um homem. Não se conseguia ver o rosto dele. Mas parecia ter minha idade. Seu cavalo era negro, também forte e grande. Ele estava olhando na minha direção, quando ergueu o arco e flecha. Apontando para mim. 
Meus reflexos voltaram e me abaixei no cavalo. Ouvi a flecha passar bem perto da minha cabeça. Pude senti-la cortando o vento. Passando pelos meus cabelos. Se tivesse demorado mais um segundo, teria me acertado. Olhei para trás e a flecha ficou infincada na árvore. Peguei meu cavalo e corri para fora da floresta. Enquanto corria mais duas flechas passaram perto de mim. Uma quase acertou meu braço direito. Outra passou perto da minha bochecha. Cheguei no castelo ofegante e tremendo. Quem era aquele homem ? Por que queria me matar ? 
Desci do cavalo e um guarda veio:
- Pode guarda-lo, por favor ? - Perguntei ao guarda.
- Claro, senhorita. Receberá todos os cuidados.
 Entreguei o cavalo e o motorista me deixou em casa. Resolvi não contar nada para o meu tio. Ele só mandaria guardas me cercarem e me proibiria de ir cavalgar na floresta. E é tudo o que não quero no momento. Tirei as botas e bateram na porta. Entraram três mulheres, do castelo. Me ajudariam com os preparativos para o jantar e a apresentação. 
 Me mandaram tomar um banho. Depois me esfoliaram inteira e me encheram de creme. Admito que minha pele ficou perfeita. Lixaram e cortaram as unhas, mas não deixei que passassem um esmalte forte. E me deram um vestido azul . Longo. A parte superior era um espartilho que me machucava. Foi a primeira vez que agradeci por ter os seios maiores que o das outras garotas da minha idade. Realçaram no vestido. A barra arrastava no chão e era toda feita de tule. O espartilho era cheio de flores azuis e rosa pequenas . Coloquei saltos desconfortáveis. E algumas jóias pequenas. Fizeram uma trança em cascata no meu cabelo. E pedi que passassem somente rímel e batom. 
Quando estava pronta, me levaram para o castelo dos Petrova. Ficava mais afastado do Hotel. Quando chegamos, percebi que era igual ao dos Edward. A mesma decoração, fonte e jardim. Acho que é para mostrar que os dois estão no mesmo patamar, são iguais. As mulheres me levaram até um quarto e pediram para aguardar lá até ser chamada. 
Fiquei aguardando em torno de meia hora. Somente pensando o que me aguardava nesta noite. Só de pensar já fico nervosa. Eu seria apresentada a todos e odiava ser o centro das atenções. E meus pensamentos foram interrompidos pelas batidas na porta.
- A senhorita está sendo convocada.
É agora.
  Guardas me levaram até uma escadaria. No topo dela estava um homem bem vestido que aguardava com um pergaminho. Quando parei ao seu lado ele disse:
- Eu falarei o seu nome e é só descer a escada. Quando chegar ao final, você espera todos fazerem a reverência e o rei irá busca-la para se juntar a mesa. Entendido senhorita ? - Ele perguntou.
- Entendi. Mas não sei se consigo.
- Senhorita Serena Petrova. - Disse em voz alta.
 Eu comecei a descer as escadas. O vestido não ajudava muito. Todos os olhos estavam voltados para mim. Todos me olhavam com graça. Cheguei ao final e eles fizeram uma reverência. Meu estômago se comprimiu e comecei a ficar nervosa. Minhas mãos começaram a suar e apertei a saia do vestido. Já não sabia mais o que fazer. Para meu socorro o rei começou a andar em minha direção. Ele parou na minha frente e fez um breve reverência com a cabeça. E correspondi. Ele segurou minha mão e me levou até a mesa. Me sentei ao lado do rei. 
O salão era enorme. Tocava uma música calma. Várias pessoas dançavam e conversavam. Todas bem vestidas e com jóias. Nossa mesa era muito grande e de madeira. As cadeiras muito grandes e confortáveis. Dos dois lados do salão haviam lareiras. E um candelabro de cristal pendia no meio do salão. Atrás de nós, tinha uma grande porta de madeira com dois guardas de cada lado. A mesa estava enfeitada com velas e taças de cristais acompanhando os pratos. 
- Meu nome é Dionísio. - Disse o rei ao meu lado, me tirando de devaneios.
Voltei a realidade e respondi:
- Muito prazer, Majestade. Meu nome é Serena.
- Eu te conheço, minha querida. E é um prazer.
- Nós somos parentes ? - Perguntei, curiosa.
- Eu sou seu tio, querida.
- Me desculpe. É que eu nunca ouvi falar de você antes.
- Eu nasci depois de seu pai. E quando ele faleceu tive de assumir o trono.
- A Rainha, ela é do outro reino ?
- Não. Esse tipo de casamento só acontece quando precisamos unir forças.
- Mas se você é meu tio, como eu continuo sendo uma princesa, como todos dizem ?
- Eu não tive filhos. Mas você é como uma para mim. Estou muito feliz de te conhecer Serena.
- Eu também estou feliz.
Não totalmente.
- Esse meu casamento, é obrigatório ? - Continuei. E antes do rei me responder o homem no topo da escada gritou :
- O Reino Edward.
E várias pessoas começaram a descer. Pessoas simples primeiramente, súditos. Mas todos bem vestidos. Logo depois os guardas. E o Rei e a Rainha. O rei já era velho, a Rainha também. Por isso devem querer que o sobrinho se case logo. E logo atrás dos reis, o príncipe Harry. Ele se vestia de preto e prata, levando uma espada apoiada ao quadril. É ele. O garoto do meu quarto. Era mesmo o príncipe. Agora só falta que meu tio acerte sobre vampiros. Impossível. Isso não existe. Cadê meu tio ?
 Os Edward foram se aproximando da mesa. E senti meu estômago, mais uma vez, se comprimir. Primeiro os reis. Todos acenando com a cabeça. Depois que acenaram para mim eu retribui. Chegou a vez do príncipe. Ele cumprimentou os reis. E na minha vez ele acenou com a cabeça e piscou. O que ele está fazendo ? Quando estava saindo, olhou para mim e deu seu sorriso cínico.
A festa continuou normal pela noite. Os Edward sentaram próximo aos Petrova. E os guardas sempre olhando movimentos estranhos. 
Até que o rei Dionísio se levantou e disse:
- Está na hora da dança do príncipe e da princesa. - E se sentou novamente.
- Que dança ? - Perguntei baixo. E ouvi o ranger de cadeira no chão de madeira.
- Senhorita ? - Ouvi uma voz rouca atrás de mim. Quando me virei era Harry.
Ótimo, agora terei que dançar com ele. 
- Sou obrigada ? - Perguntei a ele, que estava com a mão estendida, e parecia impaciente.
- Se não aceitasse, seria como uma ofensa ao reino. É uma tradição.
Peguei na mão dele. A pele dele é fria. Sua mão é forte. 
 Seguimos para o meio do salão. Enquanto andávamos todos faziam reverência e abriam o caminho. Paramos no meio e todos olhavam para nós. Ele colocou uma de minhas mãos em seu ombro e a outra segurou. Colocou a mão na minha cintura e a outra segurou a minha. Meu estômago se comprimia e eu estava nervosa. Meu Deus, e agora ? Não sei dançar !
- Por favor, não me deixa cair. - Pedi, olhando no fundo dos olhos dele. Que pareciam olhar minha alma, e sugar minha energia.
- Jamais. - E deu um sorriso. Não era mais debochado ou cínico. Era um sorriso sincero.
  A música começou e ele juntou mais nossos corpos. Começamos a dançar no ritmo. A cada passo, agradecia por não tropeçar ou pisar no pé dele. Ele me girou uma vez terminando com meu peito colado ao dele. Ele se movia com graça e eu só queria que isso terminasse logo.
- Se você ficar olhando em volta, só vai ficar mais nervosa. - Parece que ele percebeu que eu não conseguia desviar os olhos das pessoas no salão.
- Eu não consigo. - Retruquei.
- Olho só para mim. Nos meus olhos. - Ele pediu.
  Comecei a olhar só para ele. Como é lindo ! Mas não posso pensar assim. Eu o odeio. Odeio mesmo ?. Se ele é mesmo tudo o que meu tio dissera, eu odiava. Mas como irei saber ? Só perguntando.
- Me disseram que você é rebelde. - Disse a ele.
- Dizem muitas coisas a meu respeito. - Ele retrucou.
- Mulherengo, por exemplo ? - Alfinetei.
Ele ergueu uma sobrancelha, e completou :
- Muitos dizem coisas a meu respeito. Mas poucos me conhecem de verdade.
- Eu vou te conhecer de verdade ? - Perguntei.
- Um dia. Mas se continuar fazendo coisas que não deve ...
- " Coisas que não deve " ? - Perguntei, confusa.
-  Andar de cavalo na floresta sem a minha permissão, por exemplo.
- Não preciso da sua permissão para nada. - Retruquei. E já podia sentir a raiva tomando conta de mim. Quem é ele para mandar em mim ?
- Poderia estar em perigo. Alguém poderia querer te matar com um arco e flecha. - Sua voz era irônica. 
- Na floresta .. Era você. - Tentei me afastar dele, mas foi em vão. Ele me segurou mais forte.
- Continue dançando. - Ele disse, me apertando mais contra seu corpo. 
- É melhor não se aproximar de mim outra vez.
- Vou encarar como um convite. 
Ele limpou a garganta e continuou:
- Eu não sabia que era você. E agora fico feliz em não ter te matado. 
- Feliz ? - A raiva já tomava conta de mim.
- Sabe ... Se eu soubesse que era tão linda, teria ido atrás de você antes. - Ele não disse isso, né ? Depois de falar que por ele não cumpriria o juramento.
Desviei o olhar dele e mudei de assunto.
- E você sai matando tudo que se mexe na floresta ? - Perguntei.
- Pensei que fosse algum rebelde. 
- Eles andam pela floresta ? - Eu poderia ir de novo na floresta ?
- Sim. Muitos. - Deu ênfase no muitos. - Você cavalga muito bem, sabia ?
- Obrigada. Anos de prática. 
- Da próxima vez, eu irei cavalgar com você na floresta.
- Por que ? - Perguntei, desconfiada.
- Alguém tem que te proteger. 
- Não preciso de ninguém para me proteger. Posso cuidar de mim mesma.
- Claro que pode. - Disse irônico. - Percebi que não gosta muito de mim, que tal eu te mostrar que posso ser legal ?  
- Como ?
- Me espere no meu quarto, logo que o baile acabar. Você sobe essa escada atrás de você, segue até o fim do corredor, entra a sua direita. Só tem o meu quarto nesse corredor. Então será ele.
- No seu quarto ? Depois que todos forem embora ? Não me parece uma boa ideia.
- Você não vai se arrepender.
  Antes que eu pudesse protestar, a música acabou e nos separamos. Ele fez um aceno ao rei com a cabeça e eu o acompanhei. Ele me conduziu até a mesa e depois se sentou.
O baile continuou por horas. Com pessoas dançando e bebendo. Se ouvia a música calma. Pessoas vinham me conhecer. E como a queridinha de todos tinha que ser educada. Até porque não era culpa deles. O jantar foi servido. E não conseguia parar de pensar nos meus pés. Aqueles saltos estavam me machucando. Não gosto de saltos. 
O baile terminou e os últimos convidados partiram. Deixando somente os guardas e o rei.
- Minha querida, gostaria de dormir aqui ? - Perguntou o Rei Dionísio.
- Ainda não sei. Preciso falar com algumas pessoas antes. 
- O castelo é seu. Se quiser pode ficar. Não se incomode com o outro rei.
- Eles dormirão aqui ?
- Sim. 
- Obrigada.
O rei se retirou, levando a rainha. E o salão ficou vazio. Somente eu e os guardas. Dei mais uns passos para observar a escada e senti meus pés. Acho que todos foram dormir. Então vou tirar os sapatos. Tirei os sapatos e a barra do vestido arrastou mais ainda no chão. Devo ir para o quarto dele ? Sozinha ? O que ele quis dizer com ' você não vai se arrepender ' ? Teria um duplo sentido ? O que ele queria de mim ? 
Quando dei por mim já estava na beira da escada. É agora ou nunca. Segurando o salto alto e a barra do vestido, comecei a subir a escada. Segui o mapa que fiz mentalmente. E achei o corredor que só tinha um quarto. Por que ele escolheu um quarto afastado dos outros, em um corredor com um único quarto ? Acho que no fundo já sei a resposta.
Bati na porta e ninguém atendeu. Chamei e ninguém respondeu. Entrei no quarto e não tinha ninguém. Fui olhar no banheiro e também não tinha ninguém.
 Percebi que a janela estava aberta. Com as cortinas balançando ao vento. Me aproximei mais e percebi uma pequena luz. Me apoiei na janela. Era o jardim. Lindo. Com pouca luz e as fontes com os anjos jorrando água da boca. Fiquei ali, observando. Quando fui me virar, Harry estava na minha frente. Acabei esbarrando nele. Tive de me apoiar na janela, para manter distância, apesar de ser mínima. E para me apoiar. 
- Bom, estou aqui. O que você quer ? - Perguntei.
- Gostou da vista ? 
- Por que fica em um quarto afastado, nesse corredor vazio ? - Queria comprovar minha teoria.
Ele ergueu uma sobrancelha e continuei:
- Para poder trazer moças sem ninguém perceber ... ou ouvir ?
- Bem, você está aqui. - Respondeu, me alfinetando.
- Diz logo o que quer ... Não nesse sentido.
Ele riu e perguntou:
- Tem medo de altura ?
- Por que ?
Ele abriu mais a janela e olhou para baixo.
- Não quero ficar descendo escadas.
- Você não está pensando ...
Antes que pudesse continuar, ele me pegou no colo.
- Feche os olhos. - Ele pediu.
- Não quero.
Ele ultrapassou a barra da janela e pulou para o jardim.
- Você ficou loco ? - Perguntei, me soltando dos braços dele.
- Eu sei que você gostou. - Verdade. - Agora vamos.
 Ele pegou na minha mão e foi me guiando. Passamos várias salas até chegar a um escritório. Harry bateu na porta e entrou.
- Com licença, Majestade. - Disse Harry, entrando na sala.
O rei estava sentado em uma grande cadeira, lendo alguns papéis.
- Eu vim discutir aquele assunto. - Harry completou.
- AH ! Sim. Prossiga.
- Bem, como alguns sabem a senhorita Serena não gosta muito da Romênia, e de mim. E acredito que se a vossa Majestade conceder, poderemos voltar a cidade em que ela morava , assim poderemos nos entender melhor, e ela se sentirá mais confortável.
- O que ? - Perguntei a Harry. Por que ele faria isso ?
- Concedido. - Concluiu o rei. - Quando pretendem viajar ?
- Depois de amanhã, Majestade.
- Serena, dormirá no castelo ?
- Sim, Majestade.
Saímos do escritório e Harry foi caminhando para o seu quarto, mas o impedi. 
- Por que você fez isso ? - Perguntei 
- Fiz por você.
- Mentira. O que você quer com essa viagem ?
- Quero você.
- Mentira de novo.
- Você está mais baixa ? - Perguntou, desviando do assunto.
- Estou sem salto alto.
- Hm ..
- É melhor eu ir dormir. - Disse por fim, e fui para o meu quarto.


8 comentários :

Anônimo disse... Responder

Adorei ♥

Anônimo disse... Responder

Con-tinuaaa lol - o mais rápido possível, obrigada <3

Anônimo disse... Responder

mal começou e eu ja to im love pela fic <3 continuaaaaaaaaa
xx Jeh Tomlinson xx

Anônimo disse... Responder

* in love
xx Jeh Tomlinson xx

Unknown disse... Responder

Continuaaaaaaa ta perfeita, amando a fic ♥♥

Nicole M. disse... Responder

Obrigada amores >.< Fico muito feliz !

Anônimo disse... Responder

Posta outro logo, comecei a ler agora e já estou amando!
Leticia M.

Nicole M. disse... Responder

Own obrigada, Leticia ♥

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